Rodrigues de Castilho e Tudela de Castilho
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Fontes
Arquivos Paroquiais
José Martins Barata de Castilho, 'Cardosos e Castilhos Albicastrenses -à Volta dos Palácios', ed. Autor, Castelo Branco, 2012

Escrituras Notariais de Castelo Branco, Mç. 13, Liv. 111, fl. 11
Escrituras Notariais de Castelo Branco, Mç. 12, Liv. 103, fl. 47

http://joaodecastilho.yolasite.com/casa-dos-tudela-de-castilho.php

Foi feita uma escritura “de contrato e transacção”
nas notas do Tabelião José Januário de Morais139, no Fundão, realizada em
04.10.1817 na casa de Fernando Tudela de Castilho naquela vila e onde se
diz que estando ele, a esposa e testemunhas (Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque
e mulher) ali presentes “logo pelos ditos Ilustríssimo Fernando
Tudela de Castilho e dita sua mulher Excelentíssima Dona Francisca Eugénia
Tudela de Castilho foi dito que eles tinham contratado entre si a divorciarem-
-se perpetuamente pelo que se devia pôr em prática tudo o que é relativo a tal
caso no Juízo competente, e com autoridade de Sua Excelência Reverendíssima
o Excelentíssimo Prelado deste Bispado, e além disso se achavam contratados
para o pagamento de Arras de quinhentos mil réis prometidas por antiga
escritura à dita Excelentíssima Dona Francisca Eugénia Tudela de Castilho e
que por isso esta mostrava desejos desse pagamento de alimentos…”. E dizia
ela que esse pagamento de 500 000 réis podia ser por usufruto de propriedades
equivalentes, o que o marido aceitou, seguindo-se nove cláusulas. Na 1ª diz-se
que o marido “cede e dá somente em usufruto à dita… as quintas da Nave e
São Domingos no valor de 400 000 réis” e a 2ª diz que ele pagaria anualmente
em dinheiro cem mil réis, obrigação garantida pela hipoteca da quinta da
Senhora da Luz e do serrado chamado de S. Gregório; na 3ª que ele reservava
para si a faculdade de tirar da quinta da Nave 30 carros de lenha anualmente
para seu uso, cujo corte seria feito sem ruína do carvalhal; na 4ª que ela só podia
cortar lenhas para seu uso e nunca para vender, e que o faria com vigilância
dele para evitar a ruína do carvalhal; na 5ª ficou que, após a morte da mulher,
a propriedade das quintas da Nave e S. Domingos reverteriam para o marido
caso sobrevivesse ou, se não, para Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque a
quem as doava, segundo ali declarou; na 6ª está que o marido cedia à mulher
a propriedade da quinta das Noras e quintal chamado do Calvário como início
de pagamento do dote que ela trouxera para o casal, no montante de um conto
e oitocentos mil réis; etc.
Fernando Tudela de Castilho 'Botelho'
* Fundão, Fundão 20.01.1774 + Fundão, Donas 01.09.1820
Pais
Notas Biográficas
  • Cavaleiro da Casa Real em 20-XI-1788
  • Fidalgo-cavaleiro da Casa Real
  • Coronel do Exército durante as Invasões Francesas.
  • Provedor da Misericórdia do Fundão (1797)
  • Senhor da Casa de seus pais com seu solar na Praça Velha do Fundão
  • Provedor da Misericórdia do Fundão (1797).
  • Herdeiro do solar dos tudelas de Castilho, na Rua Nova em Castelo Branco, vendido em 1815.
  • Co-herdeiro do vínculo da Líria, instituído por Fernão Gomes de Castilho,
  • Morreu na miséria, devido à venda da sua riqueza para indemnizar as arras e outros compromissos pré-nupciais, por causa do divórcio, aparentemente indesejado por ele, pagamento de algumas dívidas e gestão danosa na sua ausência pós-divórcio em Lisboa.
  • COM ELE SE EXTINGUIU A LINHA DE PRIMOGÉNITOS HERDEIROS DOS TUDELLAS DE CASTILHO.
Notas
  • 'Botelho' é um apelido que lhe é atribuído, por parte de família do Fundão, mas nas escrituras notariais que assinou ele nunca o usou e era identificado apenas pelo três primeiros nomes.
  • Quando viu que tinha a vida desfeita resolveu abandonar o Fundão e deixou uma carta, que a seguir se reproduz. É de supor que um parente seu, Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque, que ele protegeu, seja um dos destinatários das acusações que aí escreveu.
  • CARTA DE DESPEDIDA DE FERNANDO TUDELA CASTILHO
  • «Circunstâncias imperiosas têm determinado para sempre a minha retirada: elas mesmas são uma barreira de bronze que se opõem ao meu regresso, e que tornam a minha volta de uma impossibilidade absoluta.
  • Vivi aqui 45 anos, exceptuando aqueles que se consumiram na estupidez da infância. Consagrei todo o resto ao serviço e obséquio dos meus patrícios; e as minhas relações assaz extensas, as minhas protecções, e os meus bens até, foi tudo propriedade deles. Fiz tudo e por todos, sem ambição nem interesse; e segui nisto a doutrina de um pai virtuoso que me ensinou como melhor o fazer amigos do que juntar tesoiros. Enganava-se o bom velho; eu enganei-me com ele; falava dos tempos em que a gratidão se tinha por virtude, e não se persuadia que o seu sistema seria inaplicável à presente Era.
  • Não experimentei pois aquela correspondência de sentimentos que o meu coração merecia. Entre os que reputava meus melhores amigos, encontrei os que gratuitamente me tornaram opróbrio por afecto. Não pude ser superior a isto, e meditei no mesmo momento um projecto de retirada. Satisfiz os meus créditos para me pôr em estado de partir com honra. Sacrifiquei tudo a este plano; alienei os fundos necessários para o pagamento destes créditos; até a casa de meus A e o Solar da minha Família passou a mãos estranhas. Tal foi o resultado de uma perseguição violenta, que se agitava por molas desconhecidas, e tanto mais perigosas quanto se encobria com aparências respeitáveis e sagradas, contra as quais não era lícito lutar.
  • Retiro-me, pois, para nunca mais voltar aqui. Agradeço a todos os que me tiveram amizade e perdoo de bom grado aos mesmos que me ofenderam.
  • Fundão 19 de Dezembro de 1818 – Fernando Tudela Castilho»
  • Esta página é de autoria de José Martins Barata de Castilho, que fez toda a pesquisa citada de Escrituras Notariais no Arquivo Distrital de Castelo Branco, investigação inédita.
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