Genealogia de VICTOR RAMOS
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Fontes
Geneall
GIT - VI vol. -pg. 228, § 4.º, n.º 15
Francisco de Paula Moniz Barreto Côrte-Real
* Praia da Vitória c. 24.11.1868 + Martha's Vineyard Island, New Bedford, Mass., USA c. 16.11.1939
Pais
Casamentos
Conceição, Angra do Heroísmo c. 20.10.1900
Filhos
Notas Biográficas
  • Foi uma das figuras mais populares do seu tempo, em consequência de um gesto de coragem que o tornou famoso em todos os Açores e mesmo em Portugal. Em 1895, quando decorria a Exposição em Ponta Delgada e por ocasiãp das Festa do Senhor Santo Cristo, planeou fazer a viagem de Angra a Ponta Delgada num b arco de papel, ou seja com o cavername de madeira forrado a papel, propriedade do negociante de Angra Henrique de Castro e construído pelo patrão-mor José Tele Pamplona.
  • Levando consigo 8 pães, 1 garrafa de aguardente e uma bússola que comprou no próprio dia do embarque, saiu, à revelia da capitania, às 3 horas da manhã de 17.5.1895 e aportou a Ponta Delgada, são e salvo, 31 horas depois, no seu pequeno arco de 12 pés de comprimento « Um esquife», lhe chamou «A União» (Nt.ª296) «Lá foi, mar fora, à procura de glória núm barquito feito de jornaes juxtapostos e collados que prendem em cavernas de madeira», acrescentando, «um acto louco, sem proveito, nem para o próprio, nem para seus semelhantes». Prém, quando chegou a notícia da sua chegada a bom porto, logo o louco se transmudou em heróis, e o mesmo jornal afirmava (nt.ª 297): «Os nossos receios felizmente transformaram-se em alegregia, uma alegria vivida, imensa, que um acto de coragem, uma loucura heróica faz vibrar sempre em nós a nossa alma aberta a tudo o que passa e meta do comum, ao que é extraordinário, ao que é grande»
  • Estava-se em plena campanha , autonómica - o barco chamava-se (Autonomia» e o gesto de Moniz Barrreto foi interpretado como uma saudação dos terceirenses aos micaelense. Por isso foi recebido entusiasticamente em Ponta Delgada (nt,ª 298) e, quando voltou a Angra, a 27 de Maio, mais de 9000 pessoas, aguardavam a sua chegada, apinhados no cais e Pátio da Alfândega. Seguiram-se as homenagens, levadas a efeito por inúmeras comissões adrede organizadas, jantes, récitas teatrais, subscrições, poemas (nt.ª 299), um voto de louvor da Câmara (nt.ª 300) e até «A União» segeriu que se desse o seu nome à Rua da Boavista, onde ele nascera.
  • A tudo Moniz Barreto assistiu com indisfaçavel orgulho, mas com uma modéstia que deixava impressionados todos quantos com ele conviveram neste dias de exaltação. A história registou o seguinte episódio que denota a sua serenidade e simplicidade - quando , interrogado pelo guarda-mór de Saude de Ponta Delgada pelos seus papéis de embarque, ele, que embarcara clandestinamente disse que não os tinha. O guarda-mór, afectando severidade disse que teri de o prender, no que ouviu somente o seguinte comentário: «Pois... paciência!».
  • Como resultado prático de tudo isto, obteve o lugar de fiscal de conservação das obrtas municipais que a Câmara de Angra, como retribuição da sua valentia, decidiu atribuir-lhe.
  • Mas não se ficaram por aqui as sua aventuras. Em 1899, desejoso de conhecer Lisboa, decidiu, embora num barco maior, fazem a viagem sozinho. E assim fez! «O Século», «A Vanguarda» e outros jornais lisboetas dedicaram particular atenção à aventura. De «O Jornal do Comércio» (nt.ª 301) transcrevemos a reportagem sob o título Um berço no meio do (Odysseia de um açoriano). «Narrando, simplesmente:
  • Nesta viagem não chegou à América, mas com sorte regressou à Terceira a 9.11.1899 e reeentrou no anonimato das sua funções municipais, não voltando a dar que falar de si. Emigrou para a América em Dezembro de 1913 com a mulher. O barco ficou em Ponta Delgada a cargo da Junta Geral que o consrvou, até que, por sugestão de Gervásio Lima, aceitou mandá-lo para Angra, a fim de figurar num museu angrense, como, de facto, veio a acontecer mais tarde (nt.ª 302)
  • Vid. VI vol. -pgs 229 e 230.
Notas
  • Nt.ª 296
  • Edição n.º 435, 17.5.\895
  • Nt.ª 297
  • Edição n.º 436, 18.5.1895
  • Nt.ª 298
  • Francisco Maria Supico publicou no jornal «A Persusão» (n.º 1742, 5.6.1895 o artigo De louco a heroe... o favor d'uma brisa em que diz a dada altura: « Hontem um modesto rapaz, passando na multidão anonyma, vivendo de uma miseravel remuneração de guada fios supranumerário. Hoje, apenas dez dias volvidos, um illustre que o povo acclama, um nome que se escreve envaidecidamente em todas as argores genealogicas. Fez isto, um beijo da fortuna na fronte d'um destemido».
  • Nt.ª 299
  • «A União» n. 442, de 27.5.1895 consagrou toda a 1.ª página a uma série de poemas laudatórios.
  • Nt.ª 300
  • Proposto pelo Presidente na sessão de 22.5.1895 e aprovado por aclamação.
  • Nt.ª 301
  • Artigo que foi transcrito em «A União», n.º 1746, 24.10.1899. «O Século publicou uma reportagem, acompanhada da sua fotografia, institulada Monumental arrojo e na «Vanguarda» publicou-se a crónica Um açoriano arrojado, tudo transcrito no mesmo número de «A União».
  • Nt.ª 302
  • Gervási Lima, Francisco Moniz Barreto Côrte-Real e o eu barquinh de papel em que foi à ilha de s. Miguel há 39 anos, «A União» 20.6.1934. Infelizmente, a nova musealização do Museu de Angra, totalmente remodelado depois do sismo de 1980, não contemplou um espaço para o barco na nova exposição permanente.
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