Fontes
GENEALL
GIT VII vol., -pg. 120-121, § 1.º. n.º 9 |
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Jacinto Martins Pamplona Côrte-real
* sé, Angra do Heroísmo c. 04.01.1749 + ? Pais
Casamentos Igreja do Castelo de S. João Bapbtista (reg. Sé) c. 24.11.1768
Filhos Notas Biográficas
- . Cavaleiro fidalgo da Casa Real, por alvará de 5.12.1778 (nt.ª 54). Assentou praça em 1764, sendo promovido a cadete do 2.º Regimento do Porto, em 1.1.1768. Foi transferido em comissão para a ilha Terceira, onde se viu envolvido num grande e apaixonante escândalo sentimental, por motivo de rapto de uma freira. Henrique Braz (nt.ª 55), diz: «O poder de sedução da militança do Porto não lhe advinha só da esbeltez e garridice da fardamenta, já de si chamariz estonteante a perturbar, como é consabido, a curiosidade mulherilo - mas também e principalmente da novidade e audácia, indómito faxcínio, apto a vencer as resistencias mais tenazes do pudor feminino». Jacinto Martins era um dos cadetes do Regimento do Porto. Frequentador da casa do Capitão-General, aí teria conhecido mais de perto sua prima D. Mariana Estácia de Lacerda (nt.ª 56), tendo-se iniciado um subtil namoro que logo foi conhecido pelos pais dela que, de pronto a acautelaram no convento da Conceição das Freiras. «com as advertências mais estríctas à madre abadessa que a fizesse vigiar cautelosamente» (nt.ª 57).
- Henrique Braz romanceia algum tanto este caso, afirmando que se tratou de um rapto e que tal acontecera por causa de amores constrariados. Esta certeza, porém, não é tão evidente quando se ê a seguinte exposição, que Jacinto Martins Pamplona enviou para o Desembargo do Paço, dizendo «que se acha de guarnição na mesma Ilha, que estando recolhida no Mosteiro da Conceição D. Marianna Estácia prima do suplicante há muitos anos, tendo alem de huma natural averção ao Estado de Freyra, total impossibilidade para professar, tanto por falta de dote, como pelo não permittirem as reais Ordens de Vossa Magestade, succedeo que com trangressão indirecta das mesmas huma Relligioza professa no mesmo Mosteiro tia da sobredita unida com alguns parentes de fora obiverão do Cabido de Angra faculdade para ser agregada no seriço da Communidade a dita D. Marianna Estacia, e por este meyo violentada no dito Mosteiro sendo não só ameaçada, e o intuito de sahir do Mosteiro em cuja consternação se determinou a sahir com effeyto do modo que lhe fosse possivel para cujo fim tomou a resolução de sahir pelo muro da cerca que deyta para hum canto no dia 31 de Agosto de anno passado, e com este intento escreveo ao supplicante hum escipto, pedindo-lhe que no referido dia lhe falasse no campo contiguo `acerca, e ignorando o supplicante a a referida deliberação condescendeo politicamente, e como parente ao dito avizo, e dice ao supplicante a acompanhasse para caza de seu Irmão Jose de Brum Marramaque, o que o supplicante fes instantaneamente à vista de muitas pessoas por caminh publico; Deste engresso da sobredita D. Marianna Estacia tirou devaça ao Juiz de Fora daquella cidade de Angra, reputando rapto o dito exito, na qual pronunciou ao suppicante, e o prendeo na fortaleza de S. João Baptista da mesma Cidade aonde se acha ate o presente».
- Esta versão é diversa do que nos diz Henrique Braz, nomeadamente quanto à estadia de D. Mariana Estácia no Convento da Conceição. E a verdade é que Jacinto Martins por mais de uma vez solicitou ao Corregedor da Comarca, Henrique José da Silva Quintanilha, que fosse enviada nota de culpa ao comandante do seu Regimento, uma vez que era militar e, como tal e só responderia perante Conselho de Guerra.
- Com desculpas várias, o Corregedor foi protelando esse deferimento, levando o Pamplona a dririgir-se ao Desembargo do Paço, queixando-se do próprio Corregedor. Só a 9.6.1773 (o «rapto» ocorrera a 31 de Agosto do ano anterior) é que vem ordem de Lisboa para o Corregedor o entregar à justiça militar. O caso acabou por se resolver com a intereferência do Capitão General, que levou em consideração a circunstância de Pamplona não ter violado a clausura (nt.ª 58)
- A 23.7. 1774 o Regimento do Porto «o sempre memorando Regimento do Porto» (nt.ª 59) embarcou com destino a St.ª Catarina, no Brasil, onde estávamos em guerra com os Espanhóis. Com ele seguiu Jacinto Martins Pamplona Côrte-Real que, a 15.6.1778 seria promovido a alferes, Permaneceu no Brasil pelo menos até 1793, data em que testemunha em certo processo, apondo~lhe um selo com as suas armas: escudo esquartelado de Fonseca, Martins, Côrte-Real e Pamplona (nt.ª 60). foi promovido a capitão a 23.2.1805, a major e a 15.2.1812, sendo reformado no posto de tenente-coronel, por descreto de 30.8. 1816 (nt.ª 69)
Notas
- . Nt.ª 58
- Os documentos citados encontam-se em A.N.T.T., D.P.C.E.I., M. 31, n.º 5; veja-se também Ferreira Drummond, Annaes da Ilha Terceira, vol. 3, p. 37.
- .Nt.ª 59
- Drummond. op. cit., vol. 3, p. 41.
- .Nt.ª 60
- A.N.T.T., D.P.C.E.I., M. 1495, n.º 29.
- .Nt.ª 61
- A.H.M., Processo Individual.
- . Nt.ª 62
- A.N.T.T., Chanc. D. João V, L. 4, fl 258-v
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