Fontes
Assento de batismo
II Livro de Registos das Sepulturas Perpétuas da Venerável Ordem de São Francisco de Viana do Castelo
Anuário Comercial do Minho, 1943-1944; pags 258, 264, 265, 267, 272, 273, 278, 279 e 282
"Defensor Ferreira de Moura (1904-2004) 1º Centenário do Nascimento - 26 de Agosto de 2004", folheto da autoria de Defensor de Oliveira Moura
"Vida e Memória do Largo das Almas", págs. 76 a 78, Edição da CMCV / Jan 05
Serra, Luis Moura; "Nunes de Oliveira: de Angeja a Viana do Castelo" - Catálogo da Exposição Homenagem a Maria de Fátima de Oliveira Moura, "A Flor em Tela e Porcelana" (Fev 05). |
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Defensor Ferreira de Moura
* Porto, Gondomar, São Cosme 26.08.1904 + Viana do Castelo, Viana do Castelo 12.04.1991 Pais
Casamentos Viana do Castelo, Viana do Castelo 16.01.1929
Filhos Notas Biográficas
- "Defensor Ferreira de Moura, nasceu em 26 de Agosto de 1904, na freguesia de S. Cosme, Gondomar (...).
- Órfão de Mãe aos seis anos e com o Pai no Brasil, Defensor e seus dois irmãos Alice e António, de oito e dez anos respectivamente, ficaram a viver com a Avó paterna e depois com o Avô materno.
- Aos dez anos começou a trabalhar como aprendiz numa oficina de ourivesaria de Gondomar, tendo aos catorze anos acompanhado seu irmão António, contratados para trabalhar em filigrana num fabricante de Cidade Rodrigo, em Espanha.
- Não se tendo adaptado, regressaram a Gondomar onde, depois de trabalharem algum tempo como assalariados de fabricantes, decidiram trabalhar por conta própria em acabamentos de obra de ourivesaria, juntando-se os três irmãos.
- Em Janeiro de 1928, tempos após o casamento do irmão mais velho, decidiu vir trabalhar para Viana do Castelo, cidade que já tinha visitado como jogador de futebol do Gondomar Sport Clube.
- Trabalhando num estabelecimento na Praça da República, hospedou-se numa pensão então existente na rua Mateus Barbosa, rua onde no n.º 66, de frente para o Largo das Almas, tinha estabelecimento comercial e residia José Nunes de Oliveira, com cuja filha Amélia, Defensor veio a casar em 16 de Janeiro de 1929, na Igreja de Santa Luzia.
- Tendo-se estabelecido com a Ourivesaria Moura, na rua Mateus Barbosa, 55/57, o casal residiu inicialmente na casa dos Pais, onde nasceram as filhas Maria da Assunção e Cidália, habitanto a seguir na rua da Palha n.º 70, onde nasceu a filha Judite e depois, definitivamente, no n.º 53 da rua Mateus Barbosa, nos andares superiores do edifício da Ourivesaria, onde já nasceram os quatro filhos mais novos.
- Posteriormente alugaram e, em 1944, adquiriram o edifício da rua da Gramática, 38/40, que, sendo contíguo ao da Rua Mateus Barbosa, possibilitou o alargamento da habitação e da actividade comercial.
- Nos dificeis anos da Guerra Civil de Espanha e da 2ª Guerra Mundial e seguintes, o casal multiplicou as suas iniciativas empresariais, para sustentar tão vasta prole, tendo chegado a possuir cinco estabelecimentos comerciais (e industriais) diferentes (com três dezenas de empregados, além do labor dos filhos, especialmente das mais velhas):
- 1- Rua Mateus Barbosa n.º 55/57 - Ourivesaria Moura (ouro, relógios, consertos e representação de rádios e máquinas de costura);
- 2 - Rua Mateus Barbosa n.º 53 - Quiosque da Felicidade (selos, lotaria, tabacos, jornais, revistas e papelaria);
- 3 - Rua da Gramática n.º 38/40 r/c - Artigos de caça e pesca, material eléctrico, bicicletas e acessórios. Durante a Guerra teve fabricação de pregos para a construção civil;
- - Rua da Gramática n.º 38/40 - 1º andar Solas e Cabedais, oficina de fabricação e consertos de calçado diverso;
- - Rua da Gramática n.º 41 - Compra de Sucata (papel, metais diversos, borracha, etc), vendida depois para armazenistas do Porto.
- Além destas instalações fixas, em determinados períodos promoveram a venda ambulante de calçado diverso, aparelhos de rádio e instalações sonoras, tendo explorado o aluguer de bicicletas e patins no Límia Parque.
- Em 1 de Maio de 1953, depois de doença prolongada, morreu Amélia deixando sete órfãos, entre os 23 e os 5 anos de idade, com quem e para quem o viúvo Defensor trabalhou ininterruptamente até 1982, aos 77 anos, idade em que trespassou o último estabelecimento comercial.
- As filhas mais velhas, muito especialmente a Maria da Assunção que ficou na casa paterna até falecer em 1969, partilharam os trabalhos, as canseiras e as responsabilidades da família nas dificeis décadas de 50 e 60, ajudando o incansávele inconformado patriarca a encaminhar académica e profissionalmente todos os descendentes que, a começar pela Cidália em 1955, foram saindo da casa paterna por casamento ou opções profissionais.
- Apesar de tão grandes encargos familiares e tão multifacetada actividade profissional, Defensor Ferreira de Moura teve sempre assinalável intervenção cívica e, como persistente opositor ao regime salazarista, sofreu mui nefastas consequências sociais e económicas por não abdicar da luta pelos seus ideais.
- Tendo, por exemplo, instalado em 1935 a "Rádio Viana", posto emissor com o indicativo CT OU, a polícia política do Estado Novo apreendeu-lhe definitivamente a licença de emissão "por actividades subversivas", durante a Guerra Civil de Espanha.
- O mesmo aconteu com a "Carta de Estanqueiro", licença para vender pólvoras no estabelecimento de Caça e Pesca, que lhe foi retirada pelo Governo em 1963, por "ser desafecto ao regime", prejudicando seriamente a sua actividade comercial.
- Além de ter sido associado e dirigente de instituições humanitárias, desportivas e profissionais, foi membro da Comissão Eleitoral do General Humberto Delgado, subscrevendo sucessivos manifestos contra o regime e participando nos mais relevantes actos públicos da Oposição.
- Viveu efusivamente a Revolução de Abril e, em democracia, foi candidato a um mandato autárquico em 1980, integrando uma lista da Aliança Povo Unido, sempre com os seus correligionários de décadas.
- Após curta doença, faleceu em Viana do Castelo, na casa do filho Defensor, em 12 de Abril de 1991, com 86 anos, tendo vivido os últimos anos rodeado dos filhos, genros, noras, netos e bisnetos, como sempre tinha sonhado.
- Está sepultado com a esposa Amélia, as filhas Maria da Assunção e Maria de Fátima e o bisneto André, no Cemitério da Ordem Terceira em Viana do Castelo, onde já repousam seis gerações desta Família."
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