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[Avô] João Augusto dos Santos Simões Rocha
* Fonte Angeão, Vagos 18.01.1913 + Fonte Angeão, Vagos 19.11.1980 Pais
Casamentos Santuário N. S. de Fátima, Fátima 03.05.1941
Filhos Notas Biográficas
- Nasceu a 18 de Janeiro de 1913 no lugar de Fonte de Angeão, freguesia do Covão do Lobo, concelho de Vagos.
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- Faleceu em 19 de Novembro de 1980, subitamente, de enfarte do miocárdio duplo, quando, em serviço de Inspector-Orientador do Ensino Básico, seguia para Lisboa a fim de tomar parte em mais uma das reuniões de coordenação.
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- Era filho de pessoas humildes e religiosas - a mãe, Maria da Nazaré da Cruz Simões, doméstica e o pai, António dos Santos Simões, lavrador e apanhador de moliço na ria de Vagos, posteriormente emigrado no Brasil longos anos, correspondentes aos da adolescência do biografado.
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- Desde cedo revelou propensão para as Letras, havendo-o a sua professora primária indicado para prosseguir estudos, após o exame da quarta classe.
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- Frequentou, então, o Seminário de Coimbra, única instituição educacional nos arredores, adequada às suas posses e ao ambiente familiar.
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- No sexto ano, saiu para realizar exames liceais que lhe permitissem o acesso ao Ensino Superior e, para fazer face às despesas, era Prefeito no Colégio de S. Pedro da mesma cidade.
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- Cursou Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, instalado numa "República", por ele criada.
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- Com o Professor Doutor Rebelo Gonçalves, defendeu tese sobre o humanista André de Resende, com a qual terminou a sua licenciatura na Universidade de Lisboa em 1940.
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- No decurso da vida estudantil, pertenceu ao Orfeão Universitário de Coimbra, no naipe de "baixo", participando em viagens internacionais, nomeadamente a Espanha durante a Guerra Civil; foi atleta da Associação Académica de Coimbra e Presidente do C.A.D.C. (Centro Académico de Democracia Cristã), fazendo facilmente dos seus colegas Amigos duradouros, quer fossem ou não do mesmo credo religioso, ideal político, ansiedades sociais ou condições económicas.
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- Uma vez casado com Maria de Lurdes Cabral de Albuquerque Rocha, professora de piano e de Educação Musical, iniciou a sua carreira profissional, em 1941, leccionando Português, Latim e Grego no ensino particular, no Colégio de Sta. Cruz em Coimbra, do qual foi fundador, primeiro Director e professor.
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- Em 1943 foi, pelo período máximo legal, então em vigor, quatro anos Presidente da Câmara Municipal de Vagos.
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- Cerca de 1947, enveredou pela carreira de Inspector do Ensino Primário, indo para tanto efectivar aos Açores e tornando-se, até à data do seu passamento, o único Inspector licenciado nesse grau de ensino.
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- Interrompeu tal actividade, apenas temporariamente, sempre que, em comissão de serviço, o chamavam para cargos de missão educacional ou políticos.
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- Assim, já com uma descendência de quatro filhos, passou a trilhar um percurso itinerante:
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- - foi de novo Presidente da Câmara Municipal de Vagos; - em 1950, assumiu o cargo de Secretário do Governador Civil de Aveiro, Dr. João Moreira; - leccionou na Escola Industrial e Comercial de Aveiro; - entre 1953-57 exerceu funções de Presidente da Câmara Municipal de Pombal, onde criou a Escola Industrial e Comercial da qual, terminado o mandato, foi primeiro Director e cumulativamente professor, de 1957 a 59; - nesta última data, regressou a Coimbra, reintegrado no lugar de Inspector - Orientador, sendo ainda professor da Escola Industrial e Comercial Brotero no ensino nocturno.
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- Fixou definitivamente residência na sua terra natal em 1973, por ocasião da sua nomeação para Director da Escola Preparatória de Ílhavo, fazendo também parte do Corpo Docente, mantendo-se no cargo como Presidente do Conselho Directivo, por eleição directa dos seus pares, após o 25 de Abril de 1974.
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- Terminado o período permitido para essa comissão de serviço, voltou ao munus de Inspector - Orientador, agora na zona de Aveiro, participando em Júris de Exames do Magistério Primário no Porto, Guarda, Coimbra e Aveiro e dinamizando acções de formação aos professores primários que lhe reconheciam urbanidade, ciência e méritos de pedagogo, conforme lho testemunharam, pessoal ou publicamente, ao longo de toda a sua carreira, através de homenagens constantes dos arquivos de alguns jornais da época, como "O Eco" de Pombal, o "Diário de Coimbra", "O Ilhavense" e "Eco de Vagos".
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- Entretanto, foi sócio - fundador do Colégio de Vagos (edifício depois transformado em Escola Secundária), obteve alvará para criação do Ciclo Preparatório na sede deste concelho e instalou a primeira telescola da zona na freguesia de Fonte de Angeão, para não falar de diversas escolas de ensino primário e cantinas que inaugurou em toda esta sua dilecta região gandaresa, factos que alguns conterrâneos jornalistas divulgaram na primeira oportunidade noticiosa.
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- Mais iniciativas se lhe devem de âmbito cultural e social:
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- - ainda estudante, foi fundador da Casa da Juventude em Fonte de Angeão, privilegiando a componente de Teatro, sendo ele próprio ensaiador e actor amador, a par com jovens trabalhadores rurais e operários, convertendo em sessões de lazer e cultura para a população as récitas por altura do Natal e da Páscoa, que se tornaram posteriormente uma tradição;
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- - na sua acção política, providenciou um Bairro Social em Vagos, ainda hoje com o seu nome, mandou edificar o velho campo de futebol da Vila, zelou pela construção de novas estradas onde mais carência havia e tratou da extensão da electricidade às freguesias mais afastadas do concelho;
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- - sobretudo em Pombal, prodigalizou condições de trabalho e de fixação a casais de etnia cigana, gesto que o tornou respeitado e conhecido entre os respectivos familiares, em Portugal de lés a lés.
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- - desde sempre, revelou especial sensibilidade para a integração social de desprotegidos - órfãos, viúvas, deficientes, pessoas de outra raça, idosos - esforçando-se pela sua promoção para além dos aspectos económicos e sócio - afectivos, curando principalmente de lhes ser ministrada a instrução escolar e a educação mais favoráveis;
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- - a nível de convívio social, era frequentemente convidado para cerimónias de casamento e outras festividades, só para que os presentes tivessem o prazer de o ouvir nos seus famosos improvisos ou declamações de "fazer chorar as pedras" ;
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- - nos últimos anos de vida, quiçá inspirado, à boa maneira virgiliana, nos cursos de água das regadeiras do seu laranjal, dedicava-se a escrever artigos, de acentuado cunho bairradino, para jornais do continente e das comunidades portuguesas, em particular " A Voz de Portugal", publicado em Caracas, na Venezuela, sempre sob o pseudónimo de JOÃO DA PONTE.
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- A este HOMEM, de espírito aberto, tolerante e lutador, receptivo e muito sensível aos problemas dos outros, tudo contornando sacrificadamente para benefício das gerações vindouras, foi-lhe rendida, a título póstumo, em 30 de Abril de 1988, a homenagem saudosa da Associação dos Antigos Alunos da Escola Industrial e Comercial de Pombal, através de descerramento, pela viúva, de uma lápide comemorativa.
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- Idêntica e honrosa homenagem fora-lhe prestada pela Dra. Alda Vítor, enquanto Presidente em exercício no município de Vagos, aquando do cortejo fúnebre, colocando-lhe em cima da urna a bandeira do seu tão amado concelho.
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- O mesmo desejo, mas com a bandeira do distrito, manifestou, ao saber tardiamente da noticia do seu falecimento, o ex-Governador Civil de Aveiro, Dr. Francisco do Vale Guimarães.
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- Fonte de Angeão, 1 de Novembro de 1998
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- A família
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- (grata pela herança legada de FÉ, ESPERANÇA e SOLIDARIEDADE),
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- Maria de Lurdes Albuquerque Rocha
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- Maria de Fátima Rocha Bóia
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- João José Rocha
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- Maria Helena Rocha
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- Jorge Manuel Rocha
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- genro, noras e netos.
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