Fontes
A Herança Genética de D. Afonso Henriques, Luis de Mello Vaz de São Payo, Universidade Moderna do Porto, Porto 2002;
Nobreza de Portugal e Brasil - 3 vols, Direcção de Afonso Eduardo Martins Zuquete, Editorial Enciclopédia, 1ª edição, Lisboa 1960;
História de Portugal - 18 vols, Joaquim Veríssimo Serrão, Editorial Verbo, Lisboa 1977-2010;
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira - 50 vols., Editorial Enciclopédia, Lisboa.
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Portugal (Casas Reais)
História
- Portugal nasceu da Reconquista Cristã da Península Ibérica, sensivelmente no território da antiga Lusitânia. As Invasões Bárbaras, por volta do ano 410 puseram fim ao domínio Romano; os Suevos fundaram o reino que teve maior duração, mas acabou por ser anexado, cerca de 585, pelo reino dos Visigodos. No início do século VIII, os Árabes, vindos do Norte de África, conquistaram quase toda a Península, excepto o pequeno reino das Astúrias, o reduto visigodo que esteve na origem do reino de Leão e de onde se iniciou a reconquista da Península.
- Afonso VI, rei de Leão e Castela, morreu em 1109 e sucedeu-lhe a filha, Urraca, havida do seu 2º casamento com Constança de Borgonha; uma sua filha bastarda, Teresa (havida de Ximena Moniz), que casou com Henrique da Borgonha (neto de Roberto I o Velho, duque de Borgonha, e bisneto de Roberto II o Piedoso, rei de França) e recebeu, com carácter hereditário, o Condado de Portucalense. Em 1139, D. Afonso Henriques, filho deste casal, foi aclamado Rei pelos seus cavaleiros e erigiu o condado em reino independente. A independência foi reconhecida pelo Rei de Leão em 1143 e pelo Papa em 1179.
- D. Afonso Henriques, 1º Rei de Portugal, casou com D. Mafalda de Sabóia e fundou a 1ª Dinastia, a dinastia de Borgonha ou Afonsina. Os seus descendentes prosseguiram a reconquista para sul, até à conquista definitiva do reino do Algarve por D. Afonso III, em 1249, fincando definidas as fronteiras de Portugal que se mantêm quase inalteradas até hoje. Em 1383 morreu o Rei D. Fernando I deixando uma filha única, D. Beatriz, casada com João I, rei de Castela, dando origem a uma crise sucessória; o seu meio-irmão, D. João, Mestre da Avis (filho bastardo de D. Pedro I) saíu vitorioso e foi aclamado Rei, D. João I, em 1385.
- D. João I casou com D. Filipa de Lencastre (filha de João de Gante, duque de Lancaster e neta de Eduardo III, rei de Inglaterra) e iniciou a 2ª Dinastia, a dinastia de Avis. A conquista de Ceuta, em 1415, foi o início da expansão ultramarina de Portugal e do período das Descobertas Marítimas, iniciadas pelo infante D. Henrique, o Navegador, que culminaram, nos reinado de D. João II e D. Manuel I, com a descoberta do Cabo da Boa Esperança em 1488, do caminho marítimo para a Índia em 1497-1498 e chegada ao Brasil em 1500.
- Depois do desaparecimento do Rei D. Sebastião no desastre de Alcácer Quibir, em 1578, sem descendência, sucedeu-lhe o tio-avô Cardeal D. Henrique (último filho vivo de D. Manuel I), que veio a morrer em 1580. Extinta a descendência de D. João III, a descendente mais próxima na linha de sucessão de D. Manuel I em Portugal era D. Catarina, duquesa de Bragança pelo casamento (filha de D. Duarte, 4º duque de Guimarães, o último filho varão com descendência de D. Manuel); no entanto, Filipe II, rei de Espanha (filho de D. Isabel, infanta de Portugal [Isabel de Portugal, a mulher do Imperador Carlos V], filha de D. Manuel), consegue fazer aclamar-se Rei de Portugal, como Filipe I, nas Cortes de Tomar em 1581.
- Ao tornar-se Rei de Portugal, Filipe I, com a união pessoal das Coroas, realizou o sonho antigo de Castela de unificar toda a Península e iniciou a 3ª Dinastia em Portugal, a dinastia Filipina, de Habsburgo ou dos Áustrias. Durante as 6 décadas sob o ceptro dos reis espanhóis, Portugal foi envolvido nos problemas e guerras do Império Espanhol, com grande prejuízo para Portugal. O golpe palaciano da Restauração, em 1640, pôs termo à União Ibérica entregou a coroa a D. João, 8º duque de Bragança, (neto de D. Catarina e trineto de D. Manuel I) descendente por varonia do Rei D. João I, o Mestre de Avis, que foi aclamado D. João IV, rei de Portugal.
- D. João IV iniciou a 4ª Dinastia, ou dinastia de Bragança, que foi a Casa reinante em Portugal até ao fim da Monarquia. Durante as Guerras Napoleónicas, com as invasões francesas de Portugal, o Príncipe Regente [futuro D. João VI] transferiu a corte portuguesa para o Brasil, mantendo assim a unidade do Império, dando um grande desenvolvimento à colónia e vindo a criar o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 1815. O desenrolar dos acontecimentos provocados pela Revolução de 1820, o regresso de D. João VI e da Corte a Lisboa em 1821 e as Cortes Constituintes, acabaram por levar à independência do Brasil, em 1822, com D. Pedro, príncipe herdeiro de Portugal, a tornar-se D. Pedro I, imperador do Brasil.
- D. João VI morreu em 1826 e sucedeu-lhe o seu filho, o Imperador do Brasil D. Pedro I, como D. Pedro IV, rei de Portugal, que veio a abdicar a favor da sua filha primogénita, a Princesa D. Maria da Glória. A situação em Portugal levou a uma crise sucessória e guerra civil, entre os partidários de D. Pedro e os de D. Miguel (2º filho varão de D. João VI), que reinou de 1828 a 1834 como D. Miguel I, rei de Portugal. Em 1831, D. Pedro abdicou do trono brasileiro a favor do seu filho D. Pedro II e partiu para Portugal para instalar a sua filha D. Maria II no trono português. Após a sua vitória na guerra civil, em 1834, o Rei D. Miguel exilou-se na Áustria e a descendência de D. Maria II reinou em Portugal até ao fim da Monarquia. Em 1908 foram assassinados o Rei D. Carlos e o príncipe herdeiro D. Luis Filipe, subindo ao trono o jovem rei D. Manuel II (2º filho do Rei D. Carlos), que reinou até à proclamação da República em 1910 e morreu no exílio, em Inglaterra, em 1932, sem deixar descendência.
- A varonia de D. Afonso Henriques perdeu-se na Casa reinante, pelo casamento de D. Maria II com D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, mas manteve-se na descendência do Rei D. Miguel, herdeira dos direitos dinásticos desde a extinção da descendência portuguesa de D. Pedro IV. O actual Duque de Bragança, D. Duarte Pio de Bragança (bisneto do Rei D. Miguel) é hoje o representante do trono português e Chefe da Casa Real Portuguesa.
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