Tavares Festas Gorjão Henriques
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Francisco Pedro de Mendonça Gorjão
* Roliça b. 04.11.1686 + Está sepultado na Capela da Quinta de S. Lourenço (Peral, Cadaval) 03.08.1767
Pais
Notas Biográficas
  • Obteve com a idade de 11 anos o foro que por seu Pai lhe competia, de Fidalgo Cavaleiro da Casa Real por sucessão, com 1600 reis de moradia e um alqueire de cevada por dia (4.9.1697).
  • Francisco Pedro Mendonça Gorjão teve uma carreira militar e político-administrativa longa e meritória. A nomeação para Capitão-mor da Paraíba, por carta patente régia de 14.12.1728 (data em que tinha a patente de Capitão de Cavalos), descreve em pormenor os seus feitos nas Guerras havidas em Espanha ao serviço do nosso Rei, onde foi ferido gravemente e mereceu os epítetos de «bom e valeroso soldado», «sempre muito obediente» e que se comportou «com o seu acostumado valor e brio» (1706-1712)137. Serviu, pois, no exército real nas Campanhas de Castela, tendo, em 1706, com o posto de soldado (em que esteve 9 meses e 11 dias) na Companhia de Cavalos do Capitão António de Miranda Henriques, a quem sucedeu D. Diogo de Menezes e Távora, participado na nas batalhas junto de Cidade Rodrigo, e passando a Castela em Braves, no «rendimento de» Alcântara e Moraleja, até depois do Rio Fiera; voltou depois a Cidade Rodrigo com o seu esquadrão e foi um dos que marchou até Madrid, «em a qual se aclamou a Carlos Terceiro por Rei, e marchando ao Campo de S. Martinho se apresentou nele batalha ao inimigo, que não aceitou». Aí, segundo os seus superiores, portou-se Francisco Pedro «desempenhando em tudo a sua obrigação, como pessoa grave e nobre que é». Em 7.1.1707 foi promovido a Alferes (posto que ocupou 10 meses e 15 dias) da Companhia de Cavalos do Comissário Geral da Província da Estremadura, D. Pedro da Silva Coutinho, depois substituído pelo Capitão Francisco Pacheco. Neste ano, ficou gravemente feridona batalha de Almansa, quando se atacou o Castelo de Villena «e não obstante o perigo de sua vida prosseguiu a marcha a Tortosa, aonde se impediu o passo ao inimigo no Rio Ebro, assistindo sempre com muito valor em todas as operações que houve naquela campanha». Em 1708 foi promovido a Tenente, posto em que serviu 2 anos, 1 mês e 18 dias.
  • Esteve então na Catalunha, cumprindo sempre «com boa satisfação» e «portando-se com grande resolução no encontro que um destacamento de quatrocentos cavalos teve na Vila de Tarrega com outro inimigo composto do mesmo número, o qual sendo investido foiroto e posto em fugida, em que houve grande mortandade e feridos [e] 78 prisioneiros, e mais de 100 cavalos sobprezos [?]».
  • Em 1709 esteve debaixo da artilharia de Lérida, onde participou em batalha, «procedendo (…) valerosamente, sendo sempre muito obediente às ordens dos seus superiores»; no mesmo ano marchou com o seu esquadrão de 3 mil homens para Conca de Trem e Condado de Riba Gossa [Ribagorza?], onde participou no ataque a várias praças e em vários recontros em os quais se houve «com o seu costumado valor e brio». Em 1710, vindo da Catalunha para Portugal, participou «na tomada de Xerez dos Cavalleiros, onde procedeu com satisfação, e indo o seu regimento segurar a ponte que se havia feito em Guadiana», ordenou-lhe «o seu Coronel se avançasse com vinte e quatro cavalos a cobrir os forregeadores que vinham batidos pelo inimigo, o que executou com tão boa satisfação e resolução que, sendo carregado com superior poder do inimigo, o rebateu repetidas vezes, travando-se em todos de uma porfi ada pendência, matando-lhe muita gente de que recebeu também alguma perda na sua partida, com a qual assistiu até ser mandado recolher, em cuja ocasião se assinalou em forma que mereceu os créditos de um valoroso e bom soldado». Na ocasião da retirada, obtém várias confirmações de ausência de culpa na decisão de retirada e no «rol da Campanha».
  • Em 1711 participou nas lutas, em guardas avançadas, destacamentos e partidas, o mesmo sucedendo em 1712, ano em que também «desempenhou sempre as suas obrigações como da sua pessoa se esperava, com muito valor, cuidado e zelo do Meu real serviço». Em 12.5.1714 foi promovido a Capitão de Cavalos, posto que havia vagado pela morte do Capitão Francisco de Almeida Pinto.
  • Passou então da Companhia da Província do Alentejo à Companhia da Província da Estremadura, a seu pedido, por alvará régio de 6.1.1716, como Capitão de Cavalos Reformado, sendo agregado ao Regimento da Guarnição da Praça de Peniche.
  • E continua o decreto do Rei D. João V, de 1728, que o nomeia Capitão-mor da Paraíba:
  • «E por esperar dele que da mesma maneira se haverá daqui em diante em tudo o de que for encarregado de Meu Serviço, conforma a confiança que faço da sua pessoa, Hei por bem fazer-lhe Mercê de o nomear, como por esta nomeio, Capitão mor da Capitania da Paraíba, para que sirva por tempo de três anos (…) E antes que o dito Francisco Pedro de Mendonça Gorjão parta desta Cidade para a dita Capitania me fará por ela preito e homenagem e juramento customado».
  • Começa então a sua carreira político-administrativa, com a nomeação para Capitão-mor da Paraíba. Em 1737 é feito Cavaleiro da Ordem de Cristo, com 12000 reis de tença (21.5.1737), «para o que o habilitava, não só a distinção da sua pessoa, mas a do sobredito cargo» (Carta de 29.5.1737). O cargo em causa era agora o de Governador e Capitão General da Ilha da Madeira, «Superintendente das ambas as Capitanias de Guerra» e Alcaide-mor da Fortaleza da cidade do Funchal, para que havia sido na altura nomeado (carta patente de 18.5.1737, com funções exercidas entre 16.6.1737 e 25.5.1747). Foi também na mesma altura que foi nomeado membro do Conselho de S.M. (carta de 22.5.1737140). Após dez anos como Governador e Capitão General da Ilha da Madeira, foi nomeado Governador e Capitão General do Estado do Maranhão (carta patente de 23.4.1747, posto em que permaneceu até 24.9.1751)143 e do Grão Pará (então com patente de Capitão General, tendo exercido as funções entre 14.8.1747 e 24.9.1751). Destas nomeações, além das certidões sobre o recto comportamento, é de destacar o teor formal das mesmas.
  • D. João V dirige-se-lhe na carta patente em que o nomeia como Governador e Capitão General do Maranhão da mesma forma utilizada 200 anos por D. João III, ao dirigir-se a outro Francisco Gorjão, ainda que com ligeira mas significativa maior familiaridade: «Francisco Pedro Gorjão amigo. Eu El-Rei vos envio muito saudar».
  • Espantosamente, ou talvez não, também aqui vai substituir João de Abreu Castelbranco, a quem já havia sucedido na Paraíba e na Madeira.
  • Após a cessação das suas funções no Maranhão e Pará, terá sido nomeado Governador de Pernambuco, cargo que não aceitou.
  • Voltou a Portugal, não sabendo nós de quaisquer funções que haja desempenhado até 1762, ano em que foi nomeado Marechal de Campo do Exército e Governador do Forte de S. Lourenço da Barra (carta patente do Rei D. José datada de 8.5.1762, mas a decisão é de 6.5.1762), tendo exercido este posto até ao seu falecimento, em 3.8.1767.
  • Instituiu Morgado e Capela com cabeça na Quinta de São Lourenço, que havia sido adquirida por seu irmão Monsenhor António José Gorjão, em favor de seu sobrinho, Francisco José, tendo o testamento sido aberto em 1770 (Cadaval). Obteve padrão de 101$836 reis de juro nos Armazéns (3.8.1754), que anexou ao morgadio de S. Lourenço e em que nomeou o mesmo seu sobrinho Francisco José Gorjão, e de que se passou apostilha (15.6.1769).
Notas
  • Morreu solteiro
  • Teve geração natural extinta, em Portugal
  • Também aparece como Francisco Pedro Gorjão de Mendonça
  • Terá, eventualmente, deixado descendência no Pará (Brasil)
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