Ferreira do Couto, Valente de Almeida (Pardilhó, Estarreja) | Oliveira, Cravo, Carinha, Tigeleiro (Murtosa) | Pereira Pinto (Ilha, Pombal)
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Fontes
Fontes manuscritas
Arquivo Distrital de Aveiro
Livros Paroquiais da freguesia de São Pedro de Pardilhó: livros 1 a 14
Livros Paroquiais da freguesia de Santa Marinha de Avanca: livros 1 e 2
Valente de Almeida
História
  • Os Valentes de Almeida de Pardilhó
  • (Versão reduzida do texto originalmente publicado no número 5 da revista «Terras de Antuã», editada pela Câmara Municipal de Estarreja em Novembro de 2011. Ver gráficos em http://www.facebook.com/#!/note.php?note_id=215045325237672.
  • Ver texto completo com gráficos em http://www.geneagraf.org/textos.php )
  • Meu avô materno era natural de Pardilhó. Quando iniciei a pesquisa genealógica dos meus antepassados, logo me interessei pelo facto de ambas as avós desse meu avô, minhas trisavós, se chamarem Valente de Almeida. Deveria existir algum casal de ascendentes comum, o que me levou a estudar com crescente entusiasmo os registos paroquiais manuscritos da freguesia de São Pedro de Pardilhó, que se iniciam no ano de 1640. Recuando no tempo através desses registos, foi-me possível localizar a origem do apelido composto «Valente de Almeida» e recuar um pouco nas suas duas componentes: a primeira parte do apelido, o Valente, tem origem na freguesia vizinha de Avanca, enquanto que a segunda parte já existia em Pardilhó.
  • Depois de identificados os patriarcas, o tal casal de antepassados comum às minhas trisavós e a todos os pardilhoenses chamados Valente de Almeida, houve que refazer o caminho, desta vez em sentido descendente. Os patriarcas tiveram, entre outros, uma filha. E é desta filha e só dela que descendem todos os naturais de Pardilhó que usaram e ainda usam o apelido.
  • Este estudo confina a descendência dessa filha às três primeiras gerações. É uma visão panorâmica sobre os primeiros Valentes de Almeida, com maior incidência nos que nasceram e viveram durante o século XVIII e que deixaram rasto nos livros paroquiais de Pardilhó.
  • Génese do apelido
  • Simão Vaz e Ana Valente eram naturais de Avanca e aí casaram em 1650. Entre outros, tiveram os seguintes dois filhos que se casaram com duas irmãs naturais de Pardilhó:
  • *António Valente da Silva – [actualização, janeiro 2018: nasceu em Avanca em 1667 e não em 1655 como, erroneamente era afirmado na primeira versão deste texto]. Casou na Igreja de S. Pedro de Pardilhó com Jerónima de Almeida, nascida em 1677, filha de Manuel Adão e de outra Jerónima de Almeida. A jovem Jerónima enviuvou, voltou a casar e voltou a enviuvar. Faleceu em 1761, muito idosa para a época, tendo sobrevivido a todos os seus descendentes. Uma das filhas de António e Jerónima chamou-se Juliana e foi a primeira pardilhoenese a usar o apelido composto «Valente de Almeida». Mas faleceu após ter dado à luz apenas três crianças, que também pouco viveram, e o apelido não se fixou.
  • *Matias Valente – foi baptizado em Avanca a 12 de Março de 1662 e casou em Pardilhó com Maria de Almeida, aí baptizada em 6 de Dezembro de 1674. O assento deste casamento diz o seguinte: «Aos 25 do mês de Setembro de 1689 recebi in facie ecclesiae na forma do Sagrado Concílio Tridentino e Constituição deste Bispado, a Matias Valente, filho de Simão Vaz e de sua mulher Ana Valente da freguesia de Santa Marinha de Avanca, com Maria de Almeida, filha de Manuel Adão já defunto e de sua mulher Jerónima de Almeida desta freguesia; foram testemunhas o Alferes Custódio Valente de Beduído, e Inácio Rodrigues de Avanca, e António João do Monte desta freguesia, de que fiz este termo hoje dia mês era ut supra. (Assinatura) Oliveira».
  • Matias faleceu em Dezembro de 1700 e Maria um ano depois, deixando quatro filhos:
  • 1. Manuel, nascido em 1690.
  • 2. António, nascido em 1693. Ainda jovem e solteiro saiu de sua terra natal e nunca mais deu notícias. Em 1737 sua família assentou com o Padre Cura de Pardilhó «... fazer os ofícios pela alma do dito por andar ausente há mais de vinte anos...».
  • 3. Maria de Almeida, nascida em 1694 ou 1695.
  • 4. José, nascido em 1698. [actualização, janeiro 2018: segundo Carta de Familiar do Santo Ofício de 9 de Julho de 1788, José Valente de Almeida. Emigrou para o Brasil e lá casou com Maria de Sousa, exposta natural do Rio de Janeiro, freguesia da Sé, moradores em lrajá; foram pais do capitão Manuel Valente de Almeida natural da freguesia de Nª Srª da Apresentação de Irajá, bispado do Rio de Janeiro, e morador na freguesia de Nª Srª da Conceição do Campo Alegre].
  • A primeira geração de Valentes de Almeida
  • Maria de Almeida, citada com o número 3, foi crismada em 1699 juntamente com seus irmãos Manuel e António «...na Igreja Matriz de Santa Marinha de Avanca aonde se mandou ir o povo desta freguesia para ser visitado e crismadas as pessoas...» .
  • Casou a 3 de Maio de 1710 com Manuel Vaz, nascido em Pardilhó em 1690, filho de Lourenço João e de sua mulher Cecília Vaz.
  • O jovem casal, ele com vinte anos de idade e ela com cerca de dezasseis, foi viver para o Monte, lugar onde haviam vivido os pais dela. Maria morreu com cerca de 45 anos de idade, poucos meses após o nascimento de seu décimo filho. Ainda assistiu ao casamento dos dois filhos mais velhos e ao nascimento de seus primeiros netos. Manuel Vaz permaneceu viúvo e faleceu já quase septuagenário em 1759. Teve com Maria os seguintes filhos:
  • * (A) Maria Valente de Almeida (1712-1758).
  • * Sebastiana, que nasceu em 1714 e faleceu na infância.
  • * (B) Manuel Vaz de Almeida, (1716-1758).
  • * (C) Isidoro Valente de Almeida, (1719-1777).
  • * (D) Josefa Vaz Valente de Almeida, que nasceu cerca de 1722.
  • * (E) João Valente de Almeida, (1724-1776).
  • * Sebastiana, segunda deste nome, que nasceu em 1727.
  • * (F) Ventura Valente de Almeida, que nasceu em 1730.
  • * António, que nasceu em 1734 e faleceu em Lisboa em 1752.
  • * José, que nasceu em 1739.
  • Os seis irmãos designados pelas letras A, B, C, D, E e F casaram em Pardilhó e aí tiveram múltipla descendência. Constituem a primeira geração de pardilhoenses que haviam de perpetuar os apelidos de seus avós maternos: Matias Valente e Maria de Almeida.
  • Consolidação do apelido
  • Entre o povo e na época e região que estamos a observar não existia uma regra definida para a transmissão dos nomes de família. Mas numa grande parte dos casos as meninas herdavam os apelidos maternos e os rapazes os paternos. Contudo, tratando-se dos Valentes de Almeida do século XVIII, assiste-se à subversão desse costume e ao estabelecimento de uma norma: se algum progenitor fosse Valente de Almeida, a descendência também o seria. Com poucas excepções, este apelido acabava por se sobrepôr a qualquer outro que tivesse entrado para a família por casamento, de tal maneira que no início do século seguinte já toda a gente era Valente de Almeida, por via paterna ou por via materna.
  • Suponho que a forma como o apelido se foi consolidando está intimamente ligada com o crescimento da identidade de Pardilhó. As pessoas desejaram assumir-se como pardilhoenses, distintas dos Valentes da Silva ou simplesmente Valentes, de Avanca e de outras freguesias vizinhas. Os Valentes de Almeida eram com certeza de Pardilhó. O facto de os mais antigos terem vivido em lugares actualmente bem próximos do centro da vila também terá contribuído para a construção dessa identidade pardilhoenese. Ainda hoje qualquer natural da região que seja portador do apelido encontrará a sua ascendência nesta freguesia e, recuando no tempo, chegará a um dos seis irmãos da primeira geração.
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