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A Operação Valquíria
História
  • Como é geralmente sabido, em 20 de Julho de 1944, o coronel von Stauffenberg – chamemos-lhe assim por enquanto – tentou matar Hitler com uma pasta carregada de explosivos, que deixou na sala do quartel-general – no Sul da Prússia, hoje Polónia – onde se iniciava uma das reuniões do estado-maior de Hitler. A bomba explodiu, matou quatro pessoas, feriu vários outros mas mais de metade escapou incólume, entre os quais o alvo do atentado.

  • Achei curioso evidenciar a ligação genealógica da minha trisavó Júlia Moser a três dos conspiradores, todos depois executados. O próprio coronel von Stauffenberg , o seu primo tenente-coronel Cäsar von Hofacker e o pouco conhecido coronel Friedrich Gustav 'Fritz' Jäger [quanto à 1ª ligação, foi recentemente posta em causa, como pode ser visto em "Uma sentida perda"].
  • Ao reunir alguns dados biográficos e curtas notas sobre as respectívas famílias agnáticas, encontrei algumas curiosidades, encontrei algumas discordâncias na família Stauffenberg, como é normalmente apresentada nas gerações mais recentes, algumas discrepâncias nas gerações mais antigas e verifiquei também que, sobre o atentado, alguns pontos genericamente divulgados nas fontes mais acessíveis da Net, são lacunares e controversos. Assim nasceu a ‘minha’ Operação Valquíria, algumas informações, observações e especulações, dirigidas a alguns aspectos específicos e pontuais. Nada de exaustivo, nem sequer de equilibrado – do ponto de vista informativo – pois apenas referi o necessário para ilustrar o que quiz comentar.

  • Porque escapou Hitler

  • Von Stauffenberg entrou com a pasta espoletada para o rebentamento em 10-15 minutos, após aguns minutos foi chamado pelo seu ajudante e saíu deixando a pasta na sala, dando aos presentes que porventura tivessem observado, a impressão de que regressaria brevemente. Já fora da sala e para não causar suspeitas aos que aí se encontravam – para já a maioria dos ajudantes – comentou que recebera uma comunicação que o obrigava a regressar de imediato a Berlim e abandonou o quartel-general. Aguardou no exterior pela explosão, convenceu-se que Hitler não poderia ter escapado e, com o seu ajudante, apanhou um avião que o esperava e dirigiu-se a Berlim, ao comando do exército, onde ainda fez alguns telefonemas antes de ser preso por ordem do comandante, coronel-general Fromm que, após um simulacro de julgamento marcial o fez fuzilar pela uma da manhã dessa mesma noite, à improvisada luz de faróis de camiões militares, dando depois sepultura aos corpos – Stauffenberg, o seu ajudante, o coronel-general Friedrich Holbricht e o coronel Mertz von Quirnheim, os dois últimos figuras de topo da conspiração. Na investigação que se seguiu, Fromm foi facilmente identificado como membro da conspiração e seria igualmente executado.

  • O principal motivo para Hitler ter escapado, foi alguém ter desviado a pasta, colocando-a onde menos estorvasse eventais passagens, debaixo da mesa e encostada a uma das suas pernas. Tratava-se de uma mesa de reuniões enorme e a perna, de carvalho maciço, tinha uma espessura considerável.
  • Neste ‘link’ http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/3909635.stm na parte final pode ver-se um diagrama da sala, com as pessoas presentes e a indicação dos mortos e feridos. Pode facilmente ver-se que se a pasta tivesse sido colocada por Stauffenberg, seria ou no lado oposto da perna da mesa ou do seu lado exterior, e que, em qualquer dos casos, a morte de Hitler seria quase certa.

  • Em relação à actuação de Stauffenberg, hoje figura de herói quase mítico e intocável, li contudo algumas críticas, sugestões vagas, quase insinuações subliminares mas parece-me que nenhuma tem ‘pernas para andar’.
  • Desde logo a constatação simples que só morreram quatro pessoas, pelo que os explosivos seriam insuficientes. E, dentro desta constatação, a especulação de que as pastas deveriam ser duas ou de que nem toda a quantidade de explosivos disponível teria sido colocada na pasta, presumindo-se que por falta de tempo numa perigosa operação de última hora, se calhar executada ou, pelo menos finalizada, já dentro do quartel-general.
  • Começo por contestar a constatação. Em explosivos de alta potência o momento inicial de ignição é caótico; se não existir nenhum obstáculo a direcção da explosão é mais ou menos esférica – em todas as direcções – variando apenas com o molde da carga explosiva e o local de aplicação do detonador. Em teoria, se o explosivo fosse uniforme, a carga esférica e o detonador estivesse no seu centro seria igualmente eficaz em todas as direcções. Mas, se nos momentos iniciais da explosão, existir um obstáculo, ainda que de pequena resistência, a explosão processa-se com muitissimo maior intensidade nas direcções opostas ao obstáculo. Neste caso concreto, a pasta encostada a uma perna da mesa, já de si forte e estabilizada pelo próprio peso da mesa, os efeitos da explosão para o lado dessa perna seriam, como foram, negligenciáveis. Isto pode ter muito pouco a ver com a quantidade dos explosivos. Porventura, se em vez de encostada a uma perna a pasta estivesse como que encerrada em quatro, seria possível que os mesmos explosivos, embora com eficácia diminuída mas actuando em todas as direcções, tivessem morto Hitler, situado como estava, a curta distância da explosão. Inversamente, se a pasta tivesse o dobro dos explosivos, Hitler podia ter igualmente escapado.

  • Stauffenberg, regressara do Norte de África sem um olho, sem uma mão e apenas com três dedos na outra. É óbvio que não foi ele quem preparou a pasta e, quase certamente, foi o seu ajudante que armou o detonador. A simples ideia que algum deles tivesse, por incúria ou excesso de confiança, ‘dispensado’ parte da carga explosiva é completamente absurda. Como igualmente é absurda a ideia das duas pastas. O ajudante não tinha acesso directo à sala – o seu recado a Stauffenberg fora transmitido – e, mesmo que tivesse, dificilmente passaria despercebido o abandono de uma pasta por um tenente sem funções na sala de reunião. E Stauffenberg, com apenas uma mão e duas pastas, poria toda a sala a olhar para ele.
  • O senso comum, diz-nos que foi utilizada a quantidade apenas limitada pelo tamanho de uma pasta normal, que não chamasse as atenções. O que já parece possível, é que o explosivo fosse mais adequado para uma reunião no ‘bunker’ como era habitual. Aí, a pressão teria quase certamente morto todos os presentes mas, na sala onde se efectuou a reunião, a existência de largas janelas que logo se quebraram, permitiu que a pressão escapasse. Mesmo não sendo perito em explosivos, Stauffenberg saberia que numa sala ampla e com janelas largas, a eficácia da explosão seria muito menor. Prosseguir com apenas metade dos explosivos, sem Himmler nem Goering presentes não parece uma opção razoável.

  • Dos peritos que têm estudado o atentado – nenhum muito credível na medida em que todos divergem entre si, uns nuns pontos outros noutros e nenhum tem informação precisa sobre o explosivo e os detonadores utilizados’ o prof. Hoffmann faz uma reconstrução em que se deixa subjacente que Stauffenberg não saberia o local da reunião nem a ausência de Himmler e Goering e se afirma que ele próprio armou apenas uma das cargas explosivas numa casa de banho, não tendo tido tempo para armar a segunda devido às suas limitações físicas e a ter sido chamado porque a reunião iria começar. Tudo me parece muitissimo improvável mas se assim aconteceu, não se percebe como von Stauffenberg e o seu ajudante von Haeften ficaram perfeitamente convencidos da morte de Hitler.

  • Sem nunca o ser claramente expresso, como disse quase subliminarmente, também se insinua que Stauffenberg poderia (deveria?) ter assegurado o sucesso, sacrificando-se e ficando na sala.
  • Estou em crer que mesmo que estivesse a isso disposto, não podia.
  • Numa conspiração militar, os generais têm um limitadíssimo papel, ... quase referencial. Mesmo os seus ajudantes directos, estão fortemente limitados. A figura-chave numa conspiração militar – que o 25 de Abril nunca foi – é normalmente um oficial do estado-maior ou de um comando militar muito importante, com patente suficientemente elevada para ser crível ter acesso directo aos generais e funções que permitam e justifiquem deslocações a diferentes unidades sem que isso chame demasiado as atenções. Foi, para os que têm idade para isso recordar, a função do tenente-coronel Eanes antes do 28 de Setembro ‘A promising young lieutenant-colonel in some quick inspections ...’ como escreveu depois ‘The Economist’ que citei de memória.
  • Stauffenberg não era um dos chefes máximos da conspiração; pelo que dele se sabe, só muito contrafeito aceitou a ideia de assassinar Hitler e os seus escrúpulos de origem religiosa e cívica – era católico praticante de uma família tradicionalmente católica, e acreditava que Hitler devia ser julgado – só seriam vencidos pela urgência e pelo facto de ele ser o único membro da conspiração com acesso ao quartel-general. O general Fromm, por exemplo, poderia enviar um ajudante a uma reunião para efeitos de coordenação mas, ele próprio, não seria autorizado a entrar.
  • Executor nunca seria a função prevista para Stauffenberg mas tudo indica que ele fez contactos pessoais nas unidades, que teria de pessoalmente telefonar ao comandante daquele regimento, mas já ao major de um outro, transmitindo as ordens para prenderem personalidades chave do regime, S.S. e S.D.. E ainda fez alguns telefonemas, por exemplo para Fritz Jäger, que por isso morreria.

  • Era muitíssimo curiosa a ‘Operação Valquíria’. O seu cerne constituía na privação de comunicações entre altas patentes – presumivelmente prevendo um quadro insurreccional – fôra pessoalmente autorizada por Hitler que não discordou da ideia de prever a neutralização operacional das forças armadas tradicionais – exército, armada e força aérea – em que confiava muito menos do que nas Waffen SS e nos comandos do partido.
  • Para conquistar o controlo político-militar mesmo com Hitler morto, assegurado que nenhum oficial-general com comandos importantes pudesse tomar iniciativas, era essencial que os conspiradores desencadeassem as acções de neutralização das S.S. e S.D., acções essas que só na hora seriam atribuídas por ordens transmitidas fora da cadeia de comando e dentro da relações de confiança de que Stauffenberg era peça-chave. Sem ele, nunca a conspiração triunfaria e, por isso, ele nunca poderia ter ficado para morrer no ‘bunker’.
  • Em devido tempo, apareceria o marechal-de-campo Erwin Witzleben a assumir o comando militar e estaria semi-delineado um governo civil, área em que, nos contactos pessoais, foi figura importante o parente de von Stauffenberg, (conde de) Üxküll e o seu próprio irmão Berthold.

  • Pormenor estranhíssimo, foi a falhada ordem de abater o avião em que von Stauffenberg regressou a Berlim. Transmitida do quartel-general de Hitler ao comando da Luftwaffe, viria a passar pelo major Friedrich Georgi, que não lhe deu seguimento.
  • Em primeiro lugar, quem deu essa ordem, teria a noção de que uma conspiração de larga escala poderia estar em curso e constituíria uma ameaça pois, de outra forma, a reacção natural seria a de mandar prender Stauffenberg para o interrogar. A alternativa é ainda mais interessante: no meio da confusão que se deve ter seguido à explosão, alguém duplamente bem informado, isto é, que sabia que Hitler estava vivo e que era preciso que Stauffenberg não falasse, deu essa ordem ou persuadiu alguém a dá-la.
  • Mas também é curiosíssima a intervenção de Georgi. Segundo a versão ainda hoje oficial – e que muito dificilmente aceito – Georgi e Hofacker eram os únicos dois conspiradores da Luftwaffe. Hofacker, em Paris, era ajudante pessoal do governador militar, general von Stülpnagel. Ou seja, o único oficial conspirador da Luftwaffe na Alemanha, estava de serviço, numa posição que lhe permitia interceptar e não dar seguimento a uma ordem vinda directamente do QG de Hitler. A coincidência de ele estar de serviço nessa posição-chave – sem ninguém a ajudar a fazer as escalas – é já de si aberrante; mas que mais nenhum oficial tivesse conhecimento da ordem ou, se tivesse, não tomasse qualquer iniciativa, já remete para o campo das histórias da carochinha.
  • Mas Georgi não devia saber que Hitler tinha escapado ou, sabendo, pensou que a conspiração ainda tinha hipóteses.
  • Tudo me sugere que nem tudo foi divulgado.

  • Fromm é sempre muito criticado. Foi ele o ordenante da execução de Stauffenberg e, na opinião de muitos que não se inibem de o escrever, fê-lo na vã tentativa de salvar a pele, pois estava também implicado.
  • Não me parece que fosse esse o motivo nem que mereça tão graves críticas.
  • O que creio ter acontecido foi que, depois das cinco horas da tarde, quando chegou Stauffenberg, ainda convicto de que Hitler teria morrido, o plano ainda teve continuação mas, se não antes, assim que Goebbels – um demónio de eficiência – pôs Hitler a falar na rádio logo às sete horas da tarde, todos perceberam que tudo estava perdido e, fosse de quem fosse a iniciativa, Stauffenberg, Haeften, Olbricht e Quirnheim, aceitaram o seu próprio sacrifício.
  • De facto, não faz qualquer sentido que quatro homens, dos quais pelo menos três sabiam que Fromm era conspirador, fossem por ele traídos e aceitassem o fuzilamento sem uma palavra de revolta, sem uma acusação ao seu carrasco. Tanto mais que puderam falar: houve um simulacro de julgamento e Stauffenberg, antes de morrer fez uma curta declaração a louvar a Alemanha e o seu futuro. Acho que Fromm, o único que o podia fazer, com a aceitação dos executados, limitou danos. Acho mesmo que poderá ter contribuído para poupar muitas vidas, à custa de quatro que, em qualquer caso, morreriam na mesma e sabiam isso melhor do que ninguém.

  • A ‘minha’ Operação Valquíria está terminada mas houve uma sequela que me impressionou profundamente. O regime vingou-se da família Stauffenberg com a sanha que só aquele regime poderia ter exibido. Os seus bens foram confiscados e foram presos parentes afastadíssimos e que nada teriam com a conspiração. A mulher de Stauffenberg foi inicialmente presa mas depois deixaram-na em semi-liberdade em casa de parentes por estar grávida; depois do nascimento de Konstanze, conseguiu iludir a Gestapo e escapou à detenção. Os outros quatro filhos, o mais velho com 10 anos incompletos e a mais nova com pouco mais de 3 anos e meio, foram internados e depois colocados numa instituição-escola sob o nome de Meister. Cerca de um ano depois, portanto o mais velho com cerca de 11 anos, a mais nova com 4 anos e meio, foi dada ordem para os matar. Felizmente, os S.S. a quem a ordem foi transmitida, constataram que as tropas inglesas estavam já a menos de 400m do local e não a cumpriram.
  • Arrepiou-me por inconcebível, o ódio capaz de gerar a ordem de abater 4 crianças, a frio, mais de um ano depois do acontecimento.
Notas
  • SCHENK VON STAUFFENBERG (Sobre títulos e designações)

  • Capítulo I – Até aos ‘Schenken von Stauffenberg’, Reichsrittern (Cavaleiros imperiais)

  • O ‘Stammvater’ desta família será - por convenção já que tem antepassados mas sem qualquer relação com Stauffenberg - um Wernher von Andeck und Zell, nascido na primeira metade do séc. XIII, cavaleiro e 'schenk'.
  • Conhecem-se-lhe 4 filhos e uma filha mas o filho que aqui interessa, identifica-se como Wernher Schenk von Andeck und Erpfingen und Stauffenberg. Este teve por sua vez 5 filhos e 1 filha. Dos filhos, sigo com Hannes Schenk von Stauffenberg que morreu cerca de 1343.
  • É importante este Hannes por mais do que uma razão.
  • Antes do mais porque pertence à geração em que, com excepção de um irmão, deixaram de ter o cargo de ‘Schenk’ mas adoptam o ‘Schenk’, não como um apelido originado numa profissão – com há dezenas – mas de facto como título de nobreza. Não foram os únicos mas terão sido dos primeiros.
  • É também importante por ser antepassado directo do coronel Claus, do atentado contra Hitler; e porque nem sempre assim aparece - desde logo na B.D. do GeneAll – convém dizer algo sobre as fontes.
  • As fontes secundárias que segui neste Hannes S.v.S. e seus pai e avô são três:
  • a) AL Ludwig, onde tem o nº 114108; este 'ahnentafel' Ludwig é uma obra de referência na genealogia de famílias da Suábia e é difícil entrar num 'site' de genealogias da Alemanha do Sul que indique fontes, sem deparar com o AL Ludwig.
  • b) Günther Todt; conhecido genealogista alemão, igualmente especializado no Württemberg e áreas adjacentes, arquivista-diplomado e que fez investigação contratado por Brigitte Gastel-Lloyd, toda ela publicada 'on-line' com indicação dos pesquisadores, quase sempre dois, às vezes três em cada página; G. Todt é também profícuo em artigos pulicados nas revistas de genealogia do Württemberg e da Baviera.
  • c) 'The last but not the least' "Die Schenken von Stauffenberg; eine Familiengeschichte" de Gerd Wunder, publicado em Stuttgart em 1972 por Müller & Gräff. Gerd Wunder é um conhecido genealogista e historiador desta zona, tendo vasta bibliografia e sendo muito citado por outros genealogistas. Nesta obra, tem um capítulo em que resume os documentos primários em que se baseou. Por curiosidade, copio os 2 primeiros:
  • – 1251. Einzige Zeugen fuer Graf Friedrich von Zollern: Valdebertus dapifer, Wernherus pincerna. (MZ 1. 66; WUB 4, 247)
  • – 1255. Dez. 31 (Zollern) Erster weltlicher Zeuge fuer Graf Friedrich von Zollern: Wernhero pincerna de Celle. (MZ 1,71; UB Salem 1,362)
  • Um outro, de 1274 em que já se referem sucessores de Wernher (junioribus), ...
  • – 1274 Febr. 19 (Zollern). Die Gebrüder Heinrich und Johann v. Witingen verkaufen dem Kloster Herrenalb Güter in Derdingen. Graf Friedrich d. Aelt. v. Zollern bestätigt den Verkauf. Zeugen: F. milite seniore de Gomeringen, Reinh. de Calwe, Ber. et Walthero pincernis junioribus de Celle. (MZ 1,90; WUB 7,278)
  • ... e ainda um em que Wernher identificado como senhor e cavaleiro, assina (Siegel): Eu, o Schenk de Celle.
  • – 1296 Mai 1. Graf Friedrich von Zolr d. Alte verkauft ein Gut in Willmandingen an Kloster Stetten. l. weltlicher Zeuge Herr Wernher von Niwencelle, ain ritter. Siegel: Ich Wernher der Schenke von Celle. (MZ 1, 103; WUB 10,483).
  • Trata-se de um conjunto de muitas dezenas, recolhidos em fundos documentais diversos e que, aliados aos 'Ahnenprobe' habilitações de herdeiros, permitem reconstituir a família com muita segurança no seu tronco principal.
  • Conclui-se já que Schenk – abreviado de Mundschenk – é um título nobiliárquico, originado no desempenho de um cargo que é o de responsável pelas vinhas e pela adega. O cargo tem específica correspondência no latim tardio 'pincerna' que se vê em 3 docs. copiados.
  • Para os mais curiosos e exigentes copio um pequeno artigo de um especialista.

  • Die Bedeutung des Titels *Schenk*
  • by Dr. Erich Bayer

  • Mundschenk: (mittellateinisch pincerna, seit den Karolingern auch buticularius), Inhaber eines der vier germanischen Haus- beziehungsweise Hofämter; am fränkischen Königshof mit der Aufsicht über Keller und Weinberge betraut. Im mittelalterlichen deutschen Reich wird das Hofamt des Mundschenken zum erblichen Erzamt, das dem König von Böhmen zusteht; die Funktion des Mundschenken als Reichserbamt üben die Schenken von Limpurg aus. Auch an anderen Fürstenhöfen ist das Amt verbreitet, doch verliert es in der frühen Neuzeit an Bedeutung und wird zusätzlich vom Hofmarschall wahrgenommen (auch Reichsbutigler). In Frankreich (bouteiller) und England zeitweise in der Verwaltung und als Richter tätig (zum Beispiel über die Wirte). Am Ende des Mittelalters nur noch Titel (grand bouteiller). In Irland Amt der Familie le Botiler (daher Butler).
  • Bayer, Erich
  • Wörterbuch zur Geschichte
  • Begriffe und Fachausdrücke
  • Stuttgart 1974

  • Estes Stauffenberg, foram Schenks dos condes de Zollern, antecessores da Casa Real Hohenzollern, tinham o estatuto de cavaleiros 'milites' e provinham ou fixaram-se em Stauffenberg, muito perto de Zollern mas não eram nem nunca foram Senhores de Stauffenberg; e, por isso, outros von Stauffenberg poderão ter existido, embora nunca tivesse visto referências documentais para os muitos que, entre outros, a GeneAll propõe como os mais antigos ancestrais desta família.

  • Por ser muito informativo, deixando claro que os Stauffenberg terão sido 'primus inter pares' junto um 'link' da Wikipedia.
  • http://de.wikipedia.org/wiki/Schenk_(Adelstitel)
  • 'Adelstitel' significa literalmente título de nobreza.

  • Os Schenk von Stauffenberg devem ter adquirido o estatuto de 'Reichsrittern' (Cavaleiros imperiais) logo que deixaram o serviço dos condes de Zollern, senão antes, embora não tenha encontrado nem a referência específica nem sequer apareçam elencados na listagem da Wikipedia. Mas três antepassados directos do coronel Claus foram dirigentes de um dos cantões dos 'Reichsrittern' o que demonstra terem tido alguma proeminência.
  • Os Ritter (Cavaleiros) constiuiam o menor grau da Nobreza. Na organização feudal do império existiam cavaleiros livres ou imediatos, isto é, que apenas obedeciam pessoal e directamente ao imperador podendo embora depender de outros soberanos e senhores, por propriedades que possuíssem nos seus territórios. Reorganizados em 1509, ao conjunto dos cavaleiros imperiais chamava-se 'Ritterschaft' e estava dividido em 'Kantons' (cantões). Cada 'Kanton' tinha um território, era chefiado por um 'Hauptmann' (capitão) e governado por um número variável de 'Rats' (conselheiros). Os Schenk von Stauffenberg estiveram integrados no Ritterkanton Gebürg (também muitas vezes Gebirg pois o 'ü' foi muito tempo intermutável com o 'i' como em Wirttemberg) na região da Francónia, mais exactamente na 'Fichtelgebirge' (montanhas Fichtel) cobrindo toda a área entre as cidades de Kulmbach, Kronach, Lichtenfels e Burgkundstadt. Este Ritterkanton Gebürg' teve a sua chancelaria na cidade de Bamberg e alguns antepassados directos do coronel Claus von Stauffenberg foram 'Ritterschaftshauptman Gebürg' e 'Ritterchaftsrat Gebürg'.

  • Como última nota, nesta época e até bastante mais tarde, os alemães faziam o feminino dos apelidos e dos títulos mas não dos toponímicos; assim as senhoras desta família eram Schenkin von Stauffenberg.


  • Capítulo II – Reichsfreiherren (Barões do Império)

  • Em 20.1.1698 os Schenk von Stauffenberg foram agraciados com o registo da sua família como 'Reichsfreiherren'. Assim e para todo o sempre tiveram direito ao tratamento de Freiherr (barão) e as senhoras Freiin ou Freifrau (baronesa). Considero provável que essa distinção tenha sido atribuída por uma questão política em que se tentava manter um certo equlíbrio na atribuição de títulos imperiais, sobretudo entre os mais sensíveis estados da ex-Liga Suábica, o Württemberg, Baden, a Baviera e a Áustria; claro que na Baviera, a família Schenk von Stauffenberg seria uma candidata óbvia.
  • Nesta geração, o antepassado do coronel Claus era Johann Philipp Ignaz um 'beamter' (funcionário) conselheiro em Bamberg – nem sequer na capital, nem conselheiro do império – e era o mais novo de 4 irmãos e 5 irmãs. De mais elevado estatuto era o mais velho dos irmãos, Markward, bispo-príncipe de Bamberg e que em 1691 herdou o senhorio de Grafenstein mas, realça-se, não era um título de lugar certo.
  • Aqui levanta-se a primeira dúvida quanto à mais correcta designação: Freiherr Johann Philip Ignaz Schenk von Stauffenberg ou Johann Philipp Ignaz, Freiherr Schenk von Stauffenberg.
  • Devo dizer que estamos perante um daqueles casos em que não creio existir 'a forma correcta'. Ambas aparecem com bastante difusão e, referências da época tanto são ao 'Freiherr Johann' como ao 'Freiherr Schenk von Stauffenberg' e até ao 'Freiherr von Stauffenberg' esta última de evitar pois corresponderia ao título de lugar certo e senhorio de Stauffenberg.
  • Pessoalmento, prefiro Freiherr Johann S.v.S. apenas porque noutros casos X, titular de 'A' é susceptível de criar confusão sobre a natureza do título, se inerente ao senhorio 'A' ou apenas dignidade de tratamento.
  • Modernamente, alguns genealogistas que têm a minha simpatia mas não me parece que tenham conseguido fazer escola, usam um critério prático que é o de chamar 'X, barão de A' apenas ao representante da família e 'barão Y,Z de A' a todos os outros. Seria uma convenção útil, sobretudo se complementada com datas seguindo a convenção, esta já genericamente aceite de colocar entre parêntesis as datas de nascimento e óbito e deixar sem parêntesis as datas de desempenho de cargo ou exercício de soberania; assim, X, conde de A 1635-1640 significa que X tinha herdado ou sido agraciado em 1635 e teria falecido ou sido destituído em 1640 enquanto (1580-1640) significa que tinha nascido em 1580 e falecido em 1640.
  • Em conclusão deste 2º capítulo, por opção pessoal, passamos a ter Freiherr – ou Freiin – X,Y, ou Z Schenk(in) von Stauffenberg sem que considere errado X,Y, ou Z, Freiherr – ou Freiin/Freifrau – Schenk(in) von Stauffenberg. Já X, Y ou Z Schenk, Freiherr von Stauffenberg, estaria mal.
  • Esta opção, iniciada para 1698, manter-se-ia até 1874.


  • Capítulo III – Graffen (condes) e as duas linhas.

  • Em 1874, Franz Ludwig Philipp – conselheiro imperial pela Baviera, presidente da Câmara dos conselheiros imperiais, major-general em 1862, com direito ao tratamento de 'Exzellenz' (Excelência) em 1869, tenente-general em 1871 – é agraciado com o título de Graf (conde) pelo rei da Baviera. Continua a não ser um título de lugar certo nem inerente a qualquer senhorio mas as circunstâncias são bem diferentes: não há qualquer risco de confusão pois já não existiam senhorios nem quaisquer direitos senhoriais, administrativos, fiscais ou judiciais; senhorios mais não eram do que a propriedade ou mera posse de imóveis que, pela carga histórica eram chamados nobres. Também o título não foi extensivo à família, designadamente ao irmão Franz Philipp Karl, ainda vivo nem ao irmão Friedrich, falecido nesse mesmo ano mas com descendência.
  • Desde esse ano de 1874 que é habitual a divisão da família em duas linhas: Os 'Graffen' ou 'Amerdinger Linie' por possuírem o 'Schloss' (castelo, solar) de Amerdingen e os 'Reichsfreiherren'. Quanto a estes últimos, nenhuma alteração existiu, pelo que continuam as designações anteriores mas para para os Graffen já faz todo o sentido Franz Ludwig Philipp, Graf Schenk von Stauffenberg. Não tendo – até agora – vingado a convenção de distinguir o Chefe de Casa dos restantes, todos os descendentes serão X, Y ou Z, Graf (ou Gräfin) Schenk(in) von Stauffenberg.
  • Sem um estudo aprofundado da família, não sei se alguma vez usaram X, Y ou Z Schenk, Graf von Stauffenberg mas em minha opinião, se usaram, ... usaram mal. Creio, no entanto, que essas muitas utilizações que se vêem devem-se a desconhecimento e à facilidade de, em programas informáticos, poder listar toda a família por Schenk.
  • Em conclusão, os Graffen Schenk von Stauffenberg, iniciam-se em 1874 e vão perdurar por 44 anos, até 1918.


  • Capítulo IV – De 1918 até hoje

  • Com a derrota da Alemanha em 1918 a chamada República de Weimar extinguiu todos os títulos nobiliárquicos. Procedimento republicano habitual mas, neste caso, nem sequer fundamentalista pois, ao contrário dos austríacos, permitiram a continuação da partícula 'von' e permitiram que quem detivesse títulos os incorporasse no nome civil. Assim o fizeram os Stauffenberg que, na linha dos 'Graffen' passaram a usar Schenk Graf von Stauffenberg, enquanto a linha dos 'Reichsfreiherren' passou a usar Schenk Freiherr von Stauffenberg, obviamente sem vírgula.
  • Assim, em termos legais, o autor do atentado de 1944 foi o 'Oberst' (coronel) Claus Philipp Maria Justinian Schenk Graf von Stauffenberg, sem o 'Graf' no início nem antecedido de vírgula.
  • Poderão surgir dúvidas sobre a mais correcta identificação dos que nasceram antes de Weimar mas morreram depois. Para esses e por opção pessoal, se fizeram vida pública ou profissional ainda na vigência dos títulos, identifico-os com eles mas quando possível, incluo em notas a alteração ocorrida em 1918; se, como foi o caso do depois coronel Claus, que teria 11 anos em 1918, a sua vida profissional foi já com o nome civil, é esse que utilizo; nos casos em que desconheço pormenores, para não omitir informação, coloco o título entre parêntesis.
  • Tenho menos dúvidas nas senhoras nascidas depois de 1918. Não me parece que as regras do registo civil alemão permitam que os irmãos sejam Schenk Graf von Stauffenberg e as irmãs Schenk Gräfin von Stauffenberg como tenho visto quase por todo o lado; e, a não ser que os registos alemães sejam muito liberais e os Stauffenberg muito ignorantes, creio que a minha opção de não utilizar Gräfin é a correcta pois de contrário, deveriam fazer-se ambos os femininos, Schenkin Gräfin von Stauffenberg. Imagina-se a 'conde-baronesa do Alvito'? Já em nada choca que uma senhora, como centenas delas, tenha nos seus apelidos Conde ou Barão.
  • Outros poderão entender que os Stauffenberg continuam a ser condes e barões e assim os identificar. Mas sem essa opção explícita em nota – por exemplo negando legitimidade à República de Weimar ou apenas invocando a tradição – será de presumir que se trata de ignorância, apesar da sua quase universalidade.
  • Também por ser esclarecedor junto o 'link para a Wikipédia.

  • http://de.wikipedia.org/wiki/Stauffenberg_(Adelsfamilie)
© 2004  Guarda-Mór, Edição de Publicações Multimédia Lda.