Familia Califórnia Quintas Laranjeira
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Laurindo Fernandes Califórnia Motta
* Peniche, Conceição d. 1917 + Lisboa, Sintra d. 1940
Pais
Pai: José Fernandes California * c. 27.06.1886
Notas Biográficas
  • Nasce em 1917 em Peniche, e é o primeiro filho de José Fernandes Califórnia e Jesuina da Conceição Motta.
  • Desde muito novo que demonstra uma natural habilidade para o desenho e pintura em aguarela. Mapas de diversas regiões do mundo, e temas maritimos são a sua principal fonte de inspiração.
  • A II Guerra Mundial, e a crise que afectou todos os países europeus (não sendo Portugal excepção) obriga-o a colaborar no sustento da familia, e no litoral, o mar é a ùnica saida.
  • O resto é a sua curta história de vida, narrado em noticia de jornal da época:
  • Tragédia no mar!
  • A última sucedeu há dias, na nossa costa, arrebanhando algumas vidas de humildes e esforçados pescadores. Um manto de luto ficou pairando, sobre as almas, enquanto as bocas murmuram orações e os olhos ansiosos de piedade se levantam ao céu.
  • Esta tragédia conta-se em breves palavras. A traineira Umbelina Maria, nome bonito, nome de romance — deixou na sexta-feira, há pouco mais de uma semana, o porto de Peniche. Escorria ouro das alturas. Um sol generoso, numa bênção, numa promessa de dia farto da pesca. A meio da tarde porém, começou a descer uma neblina espessa. O mestre Eduardo Silva o «Eduardo Farinha». Seguia e orientava a faina. A traineira a certa altura desviou para sul. A neblina baixava mais, mais intensamente. Contavam-se a bordo treze homens, certos. Numero aziago! Os pescadores confiavam na Nossa Senhora da Boa Viagem.
  • O Umbelina Maria tomou rumo à costa entre a Ericeira e S. Jacinto de repente, o mar tornou-se bravio, ameaçador. Como cavalos selvagens, começaram na sua galopada infernal. Desceu a noite, aumentou o perigo. Os trabalhadores do mar levaram as mãos aos bentinhos que ao pescoço e invocaram a protecção do Altíssimo. A Umbelina Maria avançou ainda alguns metros; depois uma onda diabólica voltou-a, lançando os pescadores no abismo, no insondável abismo do Atlântico. Clamores e gritos de socorro, varrem a noite negra. A morte, estendeu então a sua foice inclemente.
  • Foram treze as vitimas, além do mestre, o Francisco dos Reis, o João Alves, O Jacintos Esteves, O Manuel José, o Agostinho Gonçalves, o Alfredo Marrafa Cardoso, o Joaquim da Trindade, O Laurindo Fernandes Califórnia Mota, o Manuel Antunes, o José Maria Patrão e o João da Silva Farinha.
  • Não eram meninos, mas homens bem caldeados na luta com o mar, não eram meninos, mas homens experientes no seu meiter, e alguns deles, até pais de meninos de peito, deixaram atrás de si viúvas e órfãos crepes e lágrimas. O mar que durante anos lhes dera o pão, resolveu, louco e furioso, roubar-lhes a vida.
  • Dessa hora negra, dessa hora de inquietação e morte, damos aqui uma impressionante reconstituição, devida ao talento do ilustre artista Rodrigues Alves. A visão desse momento, por entre gritos perdidos na noite, num desesperado despedir da existência aterra e subjuga. Tenhamos um pensamento de piedade para esses infortunados pescadores, cujos cadáveres estão chegando à praia. Paz à sua alma.
Notas
  • Familias / Origem: Motta & Fernandes Caetano Califórnia
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