José Eduardo e Silvio Felipe Guidi
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Fontes
Taques, P. "Nobiliaria Paulistana".
Leme, Luiz G.S. "Genealogia Palistana".
Toledo Piza
História
  • "Da ilustre casa dos condes de Oropeja e duques da Alba de Tormes foi legítimo descendente, sem quebra de bastardia dom João de Toledo Piza nascido na vila de Tormes, o qual casou em Madri com d. Anna de Castelhanos.
  • Dom Simão de Toledo Piza que no posto de Capitão tomou parte na batalha naval de Lepanto em 1571 sob o comando de dom João da Áustria, contra os turcos, batalha que foi um terrível duelo entre o islamismo do turco que invadia a Europa e o cristianismo defendido pelas nações européias, e que teve como desfecho o triunfo completo do estandarte da cruz, perdendo os turcos 200 galeras, 25.000 homens e outros tantos escravos cristãos, que então foram postos em liberdade. No posto de sargento-mor combateu em 1583 na armada sob o comando do general dom Alvaro de Bazan, marques de Santa Cruz, contra Monsieur de Chatres, cavaleiro de Malta, que de França veio em socorro dos moradores da ilha Terceira partidários de dom Antonio Prior do Crato, o qual, tendo se aclamado rei de Portugal em 1580, tinha já sido derrotado pelo exército de el-rei Filippe II de Castela comandado por dom Fernando Alvares de Toledo, duque de Alba de Tormes: pelo que, tendo pedido esse socorro, veio Monsieur de Chatres aos mares da ilha Terceira onde experimentou uma derrota e ficaram os ilhéus dando obediência a Castela. Nesta batalha perdeu o sargento-mor dom Simão um olho e para tratar-se ficou em Angra, onde casou com Gracia da Fonseca Rodovalho, irmã do deão da sé dessa cidade — o Rabaço —, que instituiu o morgado no Pico Redondo, filhos de Vasco Fernandes Rodovalho. Teve de seu consórcio 4 f.ºs sendo duas fêmeas, que el rei de Castela fez recolher em um mosteiro em Madri com grande tença a cada uma delas, e dois varões que foram: dom Gabriel de Toledo Piza que, seguindo o real serviço, passou a Madri, e dom Simão que, seguindo o mesmo serviço, ficou na ilha Terceira; mais tarde chegando este ao posto de capitão passou à corte de Madri, donde saiu despachado e voltou a ilha Terceira. O que então lhe aconteceu ignoramos; entretanto, pelas declarações feitas em seu testamento em 1668, vemos que sofreu um revés de fortuna; disse ele: 'declaro que vindo de Madri despachado com os alvarás, que se acham na provedoria da fazenda, por secretos juízos do meu destino, fui preso no castelo, de onde fugi e vim dar a esta vila de S. Paulo, onde casei e sempre cuidei em me não dar a conhecer, consentindo que o morgado, que por morte de minha mãe passava a mim, o tenha desfrutado, e se ache de posse dele meu primo dom Pedro de Lombreiros, cônego da sé de Angra, cujas cartas estão no meu contador com os mais papéis meus, e de meu pai e irmãos. Meu f.º João de Toledo, habilitando-se por meu f.º, irá a minha pátria para tomar posse do morgado, que lhe pertence; cobrar da fazenda real o que consta das provisões que lá se acham em processo, e também a minha legítima materna, que ficou em casas de sobrado'.
  • Foi dom Simão de Toledo Piza pessoa de respeito e autoridade em S. Paulo e teve sempre o 1.º voto no governo da república; adquiriu por seus méritos a propriedade do ofício de juiz de órfãos dessa vila, que exerceu com acerto e critério por 19 anos, até 1661, ano em que lhe sucedeu nesse ofício Antonio Raposo da Silveira, como temos tratado no V. 3.º pág. 5; foi ouvidor da capitania, cargo que tomou posse em 1666; em todas as ocasiões de rebate acudiu com sua pessoa e gente de serviço, a sua custa, a Vila de Santos, e quando da Bahia se pediram mantimentos, ele, além do que sua casa dava, instava com os mais moradores a que fizessem o mesmo. Alegando os seus serviços a S. Majestade assim nas armadas, como nos presídios, o que mostrava pelas certidões de fés de oficio, obteve uma sesmaria de uma légua de terra para suas lavouras.
  • A respeito de João de Toledo Castelhanos escreveu Pedro Taques: "serviu repetidas vezes os cargos da república. Habilitou-se com sentença de genere em 1658 para o estado sacerdotal, mas casou-se. Em 1680 foi juiz ordinário e de órfãos. Teve cordial devoção ao serviço da Purificação de N. Senhora; e para ser todos os anos aplaudida esta sagrada imagem colocada na igreja do colégio dos jesuítas em altar colateral, ficou sendo seu padroeiro, com o concurso de seu cunhado o capitão-mor governador e alcaide-mor Pedro Taques de Almeida, e ambos por alternativa anual faziam esta festa com missa cantada, sermão e o sacramento exposto no trono; e para o refeitório dos religiosos neste dia mandavam com grandeza e abundância várias iguarias de massas e conservas. Foi muito dado ao uso da oração mental, praticando sempre as virtudes morais em benefício do próximo e perfeita educação de seus filhos. Vivia no retiro de uma quinta, vulgarmente chamada chácara, situada no alto plano que faz o rio Tamanduateí, unido já com a ribeira Anhangabaú (por detrás do mosteiro de S.Bento em tiro de peça) na campina do sítio da capela de N. Senhora da Luz do Guarê. Nesta quinta se recreava com a cultura de várias flores de um jardim, que era o total emprego dos seus cuidados (único até aquele tempo pois que os moradores de S. Paulo só tinham por interesse ou as minas de ouro, ou as grandes searas de trigo, com a abundância da criação de porcos, de que faziam provimentos para as cidades do Rio de Janeiro e Bahia de Todos os Santos). Com estas flores fazia adornar os altares dos templos, principalmente o de N. Senhora do Carmo de cuja ordem terceira era irmão professo. As suas virtudes e exemplar vida mereceram conseguir uma ditosa morte; porque, enfermado, e conhecendo o perigo da vida se dispôs com todos os sacramentos, tendo atualmente a assistência dos reverendos, que gostosos lhe faziam tão pio obséquio, assim o reverendo comissário dos terceiros como os de S. Francisco, de S. Bento e da Companhia de Jesus, conservando uma tranqüilidade de espírito e católica resignação, expirou no mesmo ponto em que se elevava a sagrada Hóstia pelo celebrante da missa cantada na festa da Purificação, que a ele tocou no dia 2 de fevereiro de 1727.
  • Nunca quis sair da pátria, e por isso, até deixou perder o morgado do Pico Redondo na ilha Terceira, consentindo que os mais parentes os desfrutassem. Apenas por duas vezes aproveitou parte dos rendimentos, que lhe foram enviados por intervenção dos padres jesuítas dos colégios da Bahia e Rio de janeiro, que recebeu em S. Paulo em avultada soma de pano de linho e águas ardentes. Na mesma inércia seguiu o f.º primogênito dom João de Toledo Piza Castelhanos, pelo que veio esta casa a perder aquele morgado sem mais causa que a de uma total e indesculpável omissão que se foi difundindo aos demais herdeiros até o presente".
Notas
  • José Eduardo e Silvio descendem dos Toledo Piza através de seu tataravô materno Antônio Carlos de Azevedo Coimbra,
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